Como nasce uma vivência? Transformando saberes locais em experiências que conectam pessoas e territórios.

Como nascem as vivências do Céu de Montanhas? A consultora Mirian Rocha revela o processo criativo que une turismo, comunidade e pertencimento em Brumadinho.

Peças de cerâmica produzidas no ateliê Saracura Três Potes em Brumadinho, Minas Gerais

Entre montanhas, arte e tradições mineiras, Brumadinho vem se tornando um dos destinos mais inspiradores para quem busca experiências autênticas e contato com a cultura local. É nesse cenário que nasceu o Céu de Montanhas, uma rede de turismo de base comunitária que conecta visitantes a anfitriões e vivências únicas espalhadas pelo território. 

O projeto valoriza os saberes e fazeres locais, incentiva a economia criativa e convida o viajante a conhecer Brumadinho de um jeito diferente: por meio das histórias, da culinária, do artesanato e do olhar de quem vive o lugar todos os dias. Neste artigo, vamos contar um pouco de como foi o processo de desenvolvimento das vivências que integram o catálogo Céu de Montanhas. Vem com a gente!

Um começo feito de encontros

Mirian Rocha - Consultora de Turismo, Desenvolvimento Territorial e Economia Criativa

Antes mesmo de o Céu de Montanhas ganhar forma como rede, ele já existia em forma de semente. E quem ajudou a fazer essa semente germinar foi Mirian Rocha, Consultora de Turismo, Desenvolvimento Territorial e Economia Criativa, que se tornou uma das grandes articuladoras das vivências que hoje encantam os visitantes de Brumadinho.

Sua história com o projeto começou ainda na fase de criação da metodologia, junto à equipe do Instituto Rede Terra, quando a proposta era unir a força da produção associada ao turismo à riqueza cultural e humana do município.

Quando o projeto Céu de Montanhas foi co-criado, Mirian, juntamente com uma equipe de especialistas, partiu para o campo com uma missão: encontrar as pessoas que dariam alma às vivências. Munidos de uma lista inicial de empreendedores locais, eles começaram um trabalho de campo paciente e artesanal, visitando e conversando com cada um da lista.

“Alguns já tinham uma atividade ligada ao turismo, mas a maioria ainda não”, relembra Mirian. “Fui conhecendo, entendendo o que cada um fazia, e juntos fomos descobrindo o que podia nascer dali.”

A metodologia como caminho

Mesa de piquenique na Ecovila Coração da Mata em Brumadinho, Minas Gerais!

A experiência de Mirian com Produção Associada ao Turismo — metodologia que ela mesma ajudou a escrever junto ao Ministério do Turismo e ao Sebrae — foi essencial para orientar esse processo.

A proposta é simples, mas poderosa: valorizar o que o território já tem, fortalecendo a economia criativa e promovendo o protagonismo das pessoas. Cada vivência deve nascer do encontro entre o saber local e o desejo coletivo de compartilhar. A proposta também atendeu às demandas das oficinas participativas que foram realizadas nas microrregiões pela equipe da reparação. 

Na prática, isso significa ouvir, observar e construir junto. “Eles são os protagonistas”, explica Mirian. “Eu só ajudei a lapidar o que já existia.”

Essa metodologia convida cada participante a olhar para sua produção — seja um artesanato, uma receita de família ou uma atividade no campo — e transformá-la em uma experiência viva e compartilhada, que conte uma história e gere renda de forma sustentável.

O nascimento das primeiras vivências

Bordado decorativo do Sítio Fotossíntese

Durante quase um ano, Mirian e a equipe de especialistas percorreram Brumadinho, orientando os anfitriões e acompanhando o nascimento das primeiras experiências.

Ao relembrar esse processo, Mirian relatou algumas histórias, como a da Nina, do Sítio Fotossíntese. Ela relembra que Nina já criava abelhas e cultivava a terra, mas ainda não recebia visitantes. “Tudo começou com o ‘Mussá’. A gente, mineiro, engole as palavras, né? Em vez de dizer ‘vamos almoçar na Nina’, falávamos ‘vamos mussá na Nina’. E disso nasceu a vivência.” 

Clique aqui para conhecer a vivência “Mussá” que inclui passeio guiado pela horta e o pomar agroecológicos do Sítio Fotossíntese, visita ao santuário das abelhas sem ferrão e um almoço feito com ingredientes frescos colhidos no local.

Outras vivências também floresceram dessa troca, como a argila que já existia na casa de Cecília se transformou em oficina na vivência Alquimia da Terra. Cada detalhe foi pensado junto com os anfitriões, com base no que eles já sabiam fazer de melhor.

Quando o território fala

Mapa impresso de Brumadinho, MG  - Quilombo Ribeirão

Entre tantas histórias, Mirian guarda um carinho especial pelos Quilombos de Brumadinho. “Os quilombos começaram do zero”, conta. “A Nair, do Quilombo Marinhos, me deu uma bênção, e eu disse: ‘você tem que benzer todo mundo, mulher’. E assim foi se desenvolvendo a vivência que, hoje, é oferecida aos visitantes.” 

Clique aqui para conhecer a vivência Cânticos e Tradições de uma Comunidade Quilombola do Quilombo Marinhos. Uma experiência que envolve manifestações de fé, ancestralidade, história e cultura quilombola.

Do desenrolar desse processo, nasceu também o Circuito dos Quilombos, o primeiro circuito do Céu de Montanhas. Depois vieram o Circuito da Cerâmica, o Circuito de Turismo Rural  e o Circuito Bem Viver, cada um revelando um novo rosto do território.

“O mais bonito é ver que eles continuam. Hoje têm uma associação própria, seguem criando e inovando. Em três anos, passaram de atividades individuais a um modelo coletivo, tornando-se um exemplo de gestão comunitária que o Brasil precisa conhecer”, completa Mirian.

O que faz nascer uma vivência

Colheita da Horta Cheiro Verde em Brumadinho, Minas Gerais

No Céu de Montanhas, uma vivência nasce quando o saber encontra o pertencimento. É fruto de um processo que combina técnica e sensibilidade: a metodologia da Produção Associada ao Turismo e o afeto de quem acredita na força das comunidades.

“Eu amo Brumadinho”, declara Mirian Rocha. “Eles têm orgulho de falar do lugar e continuam criando coisas novas. O terreno era fértil e a sementinha, graças a Deus, foi boa.”

E é dessa terra fértil que seguem brotando novas experiências, encontros e novas formas de viver e partilhar.

Quer viver de perto essa história?

Vista panorâmica de Brumadinho, Minas Gerais

Visite o site do Céu de Montanhas e conheça todos os  anfitriões e vivências do catálogo. Descubra o que torna Brumadinho um território de experiências únicas!

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